TROTE, ALCOOLISMO E MARKETING SOCIAL
Luciano Gonsalves Costa
Professor-doutor do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM), presidente da Associação dos Docentes da UEM (ADUEM) e membro do Conselho Integração Universidade-Comunidade - http://
digital.odiario.com/opiniao/noticia/724061/trote-alcoolismo-e-marketing-social/
De acordo com o primeiro Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, no qual foram entrevistados 18.000 estudantes em 2009: 49% dos estudantes entrevistados já experimentaram droga ilícita, 86% consumiram bebida alcoólica e 47% produtos de tabaco. Comparativamente, segundo os dados do terceiro estudo sobre o consumo de drogas por estudantes da USP, entre 2001 e 2009 houve um aumento do número usuários de álcool, tabaco, maconha e alucinógenos.
Com pequenas variações, as pesquisas dessa natureza revelam um problema que se tornou motivo de preocupação tanto para as instituições universitárias do país como às escolas superiores estrangeiras.
Mas como tem sido o enfrentamento dessa situação junto aos jovens?
Algumas avaliações apontam a baixa eficácia das abordagens baseadas na proibição do consumo com ênfase nos malefícios dessas substâncias sobre o organismo humano. Por outro, já existem programas institucionais de prevenção obtendo resultados mais satisfatórios baseados na aplicação de metodologias novas como o método do marketing social.
No que diz respeito à diminuição do uso nocivo de drogas e álcool, o marketing social compreende a mudança de comportamento como conseqüência da influência positiva de colegas considerados formadores de opinião, ou seja, o jovem usuário é ajudado por líderes empenhados em fazê-lo tomar a melhor escolha e não se prejudicar.
Para os especialistas, um aconselhamento para que o colega usuário adie a próxima dose ou que faça a ingestão de água entre as doses são exemplos de atitudes positivas de um líder que podem fazer toda a diferença para quem bebe. E essa metodologia vem sendo aplicada com sucesso na Universidade de Virgínia (Estados Unidos) há dez anos, e atualmente se encontra em fase de implantação na USP.
O propósito da nova abordagem não é nem proibir a bebida nem mesmo promover o consumo de álcool, mas desestimular e prevenir a ocorrência de manifestações comportamentais associadas ao álcool que impliquem em brigas, estupros, sexo sem proteção, falta às aulas, embriaguez ao volante, e outros comportamentos negativos.
Sem sombra de dúvida, a idéia do marketing social pode igualmente diminuir a recorrência de fatos graves registrados durante o tradicional trote estudantil.