UEM sedia encontro de pesquisadores Latinos e Caribenhos ligados ao Projeto Seda
Em abril, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) recebeu um grupo de pesquisadores Latinos e Caribenhos ligados ao Projeto Seda. O grupo é coordenado pela pesquisadora Patrícia Marino, do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (Inti), da Argentina, e busca a melhoria da capacidade técnica e produtiva da sericicultura entre os grupos da América Latina e Caribe, mantido com recursos da União Europeia.
A professora e pesquisadora Dra. Maria Aparecida Fernandez (Coordenadora do Laboratório de Organização Funcional do Núcleo da UEM), que é integrante do grupo internacional, explicou como esse projeto está organizado e, também, compartilhou a experiência de reunir o grupo na UEM.
Por Maria Aparecida Fernandez
O grupo de pesquisa na área de aplicação da biologia celular, molecular, genética e melhoramento da criação do bicho-da-seda (Bombyx mori) foi instalado desde o ano de 2003 na UEM com apoio do governo do Estado do Paraná, Fundação Araucária, CNPq e CAPES, sendo que fomos premiados com essas atividades com o Prêmio Santander Banespa de Ciência e Inovação, Banco Santander/Banespa em 2006. Nesse período já representávamos a UEM nas reuniões da Câmara Técnica do Complexo Seda do Estado do Paraná, a qual tem atualmente como Gerente o zootecnista agrícola José Francisco Lopes Júnior e como secretária a Profa. Dra. Alessandra Aparecida da Silva. Foram realizados também três Simpósios (2007, 2010 e 2012) de Ciências Aplicadas à Sericicultura (SICAS), sendo que os I e III SICAS na UEM e II SICAS na UNIOESTE. Pela continuidade desses projetos e publicações fomos convidados em 2016 a sermos o único grupo brasileiro a participar do projeto internacional “Contribución a la reducción de la pobreza en la región ALC a través de la sericultura con enfoque sustentable y agregado de valor local” (Processo 4325/2017/UEM e Processo LA/2016/378-553), com recursos da União Européia, sendo que é denominado atualmente como Projeto Seda. Esse projeto é coordenado por Patrícia Marino, do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI) da Argentina e tem como objetivos melhorar a capacidade técnica e produtivas da sericicultura entre os grupos da América Latina e Caribe. Integram esse projeto grupos de pesquisa da Argentina, Colômbia, México, Equador e Cuba, assim como integrantes de apoio para o desenvolvimento do projeto de instituições da Itália e Portugal.
Na UEM nosso grupo recebeu o montante de 257.000 euros, sendo que uma grande parte para participar em congressos no exterior, e o projeto tem como objetivo análise de expressão de genes que possibilitem prevenir doenças que afetam a criação do bicho-da-seda, assim como da melhora da produtividade de casulos e apoio aos sericicultores de nosso estado, que é o principal produtor do Brasil de casulos de excelente qualidade. O grupo da UEM é constituído por mim, na área de genética molecular; Profa. Dra. Alessandra Aparecida Silva, do Mestrado Profissional em Agroecologia da UEM/ Prof. Dr. Flávio A. V. Seixas, química e biofísica, campus de Umuarama/UEM; Prof. Dr. Marco A.S. de Oliveira, bioquímica/UEM. Temos como docentes associados na Universidade do Oeste do Paraná, UNIOESTE, campus Cascavel, a Profa. Dra. Lucinéia F. C. Ribeiro, morfologia; Profa. Dra. Rose Meire Costa, morfologia; na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, o Prof. Dr. Henri S. Schreker, área microbiologia e o Dr. Torsten Krude da Universidade de Oxford, Inglaterra, na área de bioquímica. Temos também, a participação essencial da empresa BRATAC através de convenio com a UEM na disponibilização de lagartas híbridas para a experimentação.
Os resultados com alunos de graduação e pós-graduação nos Programas de Genética e Melhoramento, PGM e Ciências Biológicas, PBC, tem desenvolvido projetos na área de busca de compostos que possam prevenir a ocorrência de doenças na criação de lagartas do bicho da seda, como as ocasionadas pelo baculovírus BmNPV, que ocasiona a doença denominada amarelidão e de doenças ocasionadas por fungos, como a calcinose branca. Essas infecções acarretam em perda da produção de lagartas pelos sericicultores, ocasionando que não sejam produzidos os casulos para a venda e renda mensal dos produtores. Em uma área de pesquisa básica, mas que aplicação dos dados obtidos é importante para o desenvolvimento científico e produção de casulos, uma das moléculas pesquisadas são de RNAs não codificantes. Nosso grupo de pesquisa foi o primeiro no mundo a publicar um novo ncRNA no bicho da seda, denominado BmsbRNA, o qual é homólogo a ncRNAs denominados Y RNAs em humanos e a associação do BmsbRNA com a infecção viral tem resultados recentes dessa interação e sua provável interação entre esses ncRNAs e a replicação do DNA em células eucarióticas. Em resumo, nossas atividades de pesquisa estão associadas tanto com a melhora de prevenção de doenças e produtividade na sericicultura assim como a utilização do uso de subprodutos da produção do bicho da seda na atividade agrícola no estado.
O Brasil, representado pela Universidade Estadual de Maringá, se sente prestigiado por poder participar do Projeto Seda. Algumas das importantes ações que o projeto apoiou e financiou em prol a sericicultura do país, podemos destacar a participação no início de 2019 na conferência “Frontiers in Silk Science and Technologies”, Trento – Itália. A conferencia internacional reuniu profissionais de diferentes áreas de trabalho e apresentou as inovações e aplicação do fio de seda, beneficiando a saúde e tecnologia de forma geral. Ainda na Itália foi promovido uma capacitação Técnica em reprodução e produção de bicho-da-seda, no Centro di Ricerca e Ambiente de Padova, sob supervisão da pesquisadora Silvia Cappelozza. Pesquisadoras do Brasil e Argentina foram capacitadas em seleção de casulos e preparação para a reprodução, acasalamento para obter ovos de bicho-da-seda para a primeira cruza e híbrido, postura de ovos, exame de pebrina, estivação e hibernação dos ovos, preparação de ovos, desinfecção e pesagem. Além da conservação e melhoramento de raças do bicho-da-seda, junto a um trabalho a comunidade de sericicultores.
Palestras foram proferidas com objetivo de replicar os conhecimentos obtidos durante a participação no evento cientifico e da capacitação na Itália e outras ações. O ciclo de palestras “Tendencias mundiales en sericicultura” foi organizado e sediado pelo INTI. Em cooperação com o mesmo instituto, o pesquisador Francisco Pescio colaborou com o curso de Mestrado Profissional em Agroecologia da Universidade Estadual de Maringá, proferindo aulas. Foi uma grande experiência de ensino na área de “Sericicultura, Agroecologia e Sustentabilidade” aos alunos e demais participantes internacionais.
No segundo semestre da 2019 recebemos no Brasil Marina Chahboune a qual proferiu a palestra “Seda: Sustentabilidade na indústria da moda”, a alunos de diferentes áreas de conhecimento em duas instituições publicas do país. A mesma visitou a indústria da seda e conheceu a produção de casulos do Brasil. Ainda em 2019, mas em outubro tivemos a participação do “25th International Congress on Sericulture and Silk Industry” que ocorreu em Tsukuma, Japão. A participação nesse evento internacional proporcionou a reunião com pesquisadores e profissionais internacionais da área e apresentamos resultados obtidos em laboratório brasileiro, com ênfase em melhoramento genético e uso de fármacos para doenças do bicho-da-seda.
O projeto da seda também possibilitou a participação do referente e/ou do representante nacional, as reuniões dos referentes na Argentina e Colômbia. Durante esta ação foram expostos os trabalhos desenvolvidos pelos diferentes países e houve visitas a áreas de impacto social na produção do bicho-da-seda. Recentemente realizamos na UEM a 3ª Reunião do Comitê do Projeto Seda "Contribuição para a redução da pobreza na região da América Latina e Caribe através da sericultura com um enfoque sustentável e valor agregado local" (Projeto ADELANTE da União Européia, Europe Aid/150248, Processo 4325/2017/ECI-UEM), no período de 11 a 14 de abril. Recebemos 14 referentes dos países da Argentina, Colômbia, Equador, México, Cuba e Portugal, apresentamos nossos recentes resultados de pesquisa e foi realizado a visita em 5 associações ganhadoras dos prêmios descritos a seguir.
A Coordenação do Projeto Seda abriu o edital para a inscrição de projetos de sericicultores de todos os países participantes do projeto (https://www.inti.gob.ar/areas/proyectos-internacionales/proyecto-seda/fondo-de-apoyo-a-la-sericicultura/publicaciones), para prêmios na área de sustentabilidade e ação social. No nosso grupo de pesquisa a Profa. Dra. Alessandra Aparecida Silva, do Departamento de Zootecnia/UEM, apoiou a coordenação da redação de interessados em inscrição de projetos, sendo que 7 projetos foram premiados sendo que no total, os projetos no Estado do Paraná, receberam nesses, o montante de 144.666,00 euros, distribuídos de acordo com o projeto e solicitação de recursos para a viabilidade dos mesmos, os quais são apresentados a seguir:
- “Treinamento de Atualização Tecnológica na Sericicultura” da ABRASEDA - Renata Amano (18.408 euros)
- “Fios do bem” Associação de Pais e Amigos de Bastos – APAE - Edilson Borghi (15.199 euros)
- “Energia limpa e sustentável para os produtores da sericultura do Município de Araruna” Associação de Sericultores de Araruna - Aguinaldo Frezze (30.070 euros)
- "Mãos que criam na Seda - Arteterapia e Design Têxtil na Inclusão Social" Associação Flácia Cristina - Educação Infantil - Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial - Irenice Palmeira da Silva (15.261 euros)
- “Aquisição de 23 roçadeiras hidráulicas e Evento Técnico” Associação dos Sericicultores do Município de Cândido de Abreu-EMATER - Florentino Nack (29.990 euros)
- “Aquisição de produtos agrícolas e florestais" Associação de Sericultura Ivaté - Roberto Leonardi (16.606 euros)
- "Centro de Treinamento para a Melhor Sericultura do Futuro" Associação de Agricultores Tupinambá - Francisco Gildo Manchini (19.132 euros)
O recebimento dos prêmios foi em um evento de honra que foi destaque ao Estado do Paraná e para a UEM, além do que todo o acompanhamento posterior ao recebimento do prêmio foi realizado com a participação de todos os nossos docentes integrantes e dos grupos participantes dos projetos premiados.
Por fim, os fundos destinados aos projetos dos sericultores do Brasil irão promover a sericultura em regiões produtivas mais pobres do país, a igualdade de gênero em especial para os projetos com inclusão social de mulheres e portadores de deficiências, impactando sobre a economia e sociedade desta nação.
Dra. Maria Aparecida Fernandez-
Professora Associada da UEM. Graduação: Ciências Biológicas - FMRP - USP. Mestrado: Biologia Celular - Expressão e regulação Gênica - FMRP - USP. Doutorado: Biologia Celular - Expressão e regulação Gênica - FMRP - USP. Professora Associada. Graduação: Ciências Biológicas - FMRP - USP. Mestrado: Biologia Celular - Expressão e regulação Gênica - FMRP - USP. Doutorado: Biologia Celular - Expressão e regulação Gênica - FMRP - USP. Linha de Pesquisa: Organização Funcional do Núcleo.