UEM permanece em greve por tempo indeterminado
Estudantes, técnicos e docentes se uniram a favor da greve
Docentes e técnicos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) decidiram manter a greve durante a Assembleia Geral Unificada, na quarta-feira (17). O evento ocorreu no Restaurante Universitário da instituição e reuniu estudantes, técnicos, docentes e profissionais da imprensa.
Após diversos discursos inflamados a favor da greve, que relembraram a importância da universidade pública, os presentes votaram pela manutenção da suspensão do calendário acadêmico. Poucas mãos se ergueram pelos votos contra a greve ou por abstenções.
A representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Maria Clara, afirmou que a greve tem aprovação unânime por parte do DCE. Ela justificou o apoio relatando as baixas condições de trabalho disponíveis para os servidores e o sucateamento que a universidade têm sofrido.
Elaine Lepri, presidente da Associação dos Docentes da UEM (Aduem), relata que o Paraná tem um governo que não prioriza a educação. “Precisamos mostrar nossa relevância, lutar pelos nossos direitos”, comenta.
Entenda a greve
A opção pela continuação da greve é uma resposta negativa à proposta do governo de repor 2% das perdas salariais dos últimos doze meses. Com o fim da data-base, que ocorreu quatro anos atrás, os técnicos e docentes perderam o direito de reposição salarial e de reajuste. Dessa forma, as perdas dos últimos quatro anos somam 17% de defasagem no salário dos servidores.
Nesse contexto, o governo estadual sugeriu a reposição dos últimos doze meses, ignorando os outros três anos de perda salarial. A proposta é de repor 5% do salário, dividido em três parcelas.O primeiro pagamento seria de 2%, somente em janeiro de 2020. Outras duas parcelas estariam programadas para 2021 e 2022. Fazendo as contas, ao final dos pagamentos, em 2022, já seriam 30% de defasagem, correspondentes a 14 salários perdidos.
Lei Geral das Universidades (LGU)
Além dos problemas relacionados à reposição salarial, os grevistas também lutam pela revisão da LGU, proposta pelo governo do estado. Entre as mudanças que a lei propõe, está a diminuição do quadro de professores, em relação ao número de alunos. De acordo com a lei estadual 10555/2010, a quantidade mínima de professores que a UEM deve ter é de 1690 docentes. No entanto, a universidade conta com 1609 professores e, caso a LGU entre em vigor, o número de profissionais estipulado para a instituição cairá para 1259. A mudança afeta diretamente a qualidade do ensino público superior, sobrecarregando professores efetivos e atingindo toda a sociedade maringaense.
De acordo com informações fornecidas por José Maria - presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino em Maringá (Sinteemar) - a chance de extinção da LGU é mínima. José afirmou que Aldo Bona - superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti) - não pretende retirar a proposta da lei, mas que aceita alterar alguns detalhes do documento.
A comunidade acadêmica entende que o texto da LGU diminui as responsabilidades que o governo tem em relação à educação superior, tira autonomia dos Instituições de Ensino Superior (IES), precariza a carreira acadêmica e privatiza o ensino público.
Edmilson Aparecido da Silva, presidente do Sesduem, ressaltou que a LGU ataca as universidades e cria um “super reitor” no Paraná, que seria Aldo Bona.
Professores temporários
O contrato de 102 professores temporários da UEM se encerrará no dia 1º de agosto e não há previsão para novas contratações ou mesmo de renovação dos contratos. O assunto também é pauta da greve. Caso não haja uma reposição do corpo docente, as consequências podem ser drásticas, como até mesmo o fechamento de alguns cursos de graduação e pós-graduação.